quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

As coisas começaram tensas...

As coisas começaram tensas, no caminho para o aeroporto, meu pai entrou numa avenida movimentada, em horário de tráfego intenso, a isso somou-se um blitz da polícia e o percurso que deveria durar cerca de um quarto de hora, transformou-se em agoniantes 45. Surgiu até uma tensão familiar, meu pai preocupadíssimo pelo trajeto errado, eu e minha mãe tínhamos dito a ele que fosse por uma via expressa, minha mãe tentato dissimular e tensão trocando de assunto e falando sobre os mais variados temos e eu olhando o relógio do celular a cada minuto. Cheguei no aeroporto no horário limite para se fazer o check-in.
Pouco antes de ser atendido, avise ao meu pai:
- Por favor, deixe que eu negocie o pagamento das pranchas.
Logo que coloquei as pranchas sob a balança, o balanceiro questionou:
- Quantas pranchas, senhor?
- Duas! – Respondi sem pestanejar.
- Posso abrir a capa para ver?
- Não.
Ele me olhou supreso:
- Quem sabe você abre também a minha mala para ver quantas camisas estou levando? – Meu pai se afastou.
Lembrei, então, que havia esquecido de colocar o cadeado, com o qual sempre fecho minha capa de pranchas, justamente para evitar este procedimento invasivo. Enquanto, os dois conversavam, a atendente parecia bem preocupada, tirei de minha mochila o cadeado, puxei as pranchas para fora da balança e tranquei a abertura sob o olhar incrédulo dos dois funcionários da Tam.
Pude, então, ouvi-lo cochicar Não libera as bagagens ainda. Fiquei ali, esperando não sabia bem pelo que, naquela humilhação típica pelos quais nos fazem passar as companhias aéreas toda vez que se quer surfar fora do país, parece até que somos castigados por isso. O rapaz digiriu-se até uma porta, de onde saiu depois de alguns instantes, veio até minha com uma ar de satisfação:
- Infelizmente, senhor, sem abrir a capa não poderemos embarcar com as pranchas. Eu posso liberar as malas, mas as pranchas ficam.
- Então o vôo vai atrasar.
- Um vôo não fica no solo por causa de um passageiro.
- Bom, meu amigo, eu não vou viajar de Tam, meu vôo é pela Americam Airlines, como vou pagar para vocês levarem minhas pranchas se a American adota outra política para este tipo de bagagem?
- Como assim?
- Bom, eles me informaram que posso levar um volume de até 32kg e só pago U$85,00. Então porque você quer abrir minha capa se a Americam se importa apenas com o peso?
- Olha, senhor, este é o procedimento da Tam...
- Então me chame o teu gerente que quero falar com ele.
O Ismael, este era o nome dele, dirigiu-se a um colega que estava dois guichês ao lado, conversou um pouco e voltou:
- É, realmente, vamos ter que abrir a capa.
Nisso, chegou uma outra atendente, de nome Alessandra:
- Como posso ajuda-lo senhor?
- Bom, é que o Ismael quer abrir minha capa pranchas, mas eu não vou viajar pela Tam, vou viajar pela American...
- Não estou entendendo, senhor.
- É que a American cobra pelo volume, se não passar de 32kg, cobram apenas U$85,00.
- Ah, então vou ligar para a American, ok?
- Por favor.
Depois de alguns momentos ela voltou:
- Realmente, eles cobram por pranchas. Será cobrado U$75,00 cada peça, vamos ter que abrir a capa.
- Mas a Central de Atendimento me disse outra coisa!
- Bom, se você quiser ligar, sinta-se à vontade.
- Eu quero.
- Então, dirija-se à nossa loja e fale com a Cler, ela ligará diretamente para eles.
Quando sai do guichê de check-in, meu pais vieram apressados falar comigo:
- O que foi, meu filho?
- Nada, mãe, vou ligar pra American. – Meu pai me acompanhou.
Chegando lá, falei com a Rosicler, ela ligou via nextel para a American em São Paulo e este confirmaram que a taxa era de US$75,00 até Miami, mas até Honolulu, meu destino final, sairia por U$85, 00 por prancha, as coisas não estavam acontecendo à meu favor.
Pedi para falar com eles, tentei argumentar, dizer que tinha falado pelo telefone e que haviam me passado outra condição, mas ela argumentou que no site está o valor fixado pela companhia e não poderia fazer nada. Ao meu lado meu pai apavorado perguntou:
- Oitenta e cinco dólares? Por cada prancha?
Apenas ele, minha mãe e talvez o Ismael, sabiam que eu tinha 4 pranchas naquela capa. Rosicler parecia feliz, enquanto sorria me vendo sair indignado saindo da loja, apensa deixei o telefone em cima do balcão, mas nem consegui agradecer.
Voltei ao balcão do check-in, a esta altura vazio porque já estava na hora do embarque. Disse à Alessandra:
- Pois é, terei que pagar U$85,00 por prancha.
- Bom, então você vai ter que nos dizer quantas pranchas tem aqui.
- São duas, eu já disse.
- Tá, vou deixar por duas, mas se eles quiserem abrir em São Paulo você vai ter que pagar de novo.
Nem respondi, mal podia conter minha alegria. Tinha pensado em, se fosse obrigado a abrir a capa, deixar duas pranchas com meus pais e levar apenas duas. Porém, calculando bem, não conseguiria comprar pranchas por U$85,00, portanto usei este raciocínio para tentar me consolar caso tivesse que arcar com U$340,00 só para despachar as pranchas.
Voltei à loja da Tam, a Rosicler me recebeu, pegou maus cartão, fez todo procedimento de cobrança das taxas e ainda comentou:
- Não te liberaram deste castigo, né?!
Sorri, perdi R$299 e alguns centavos, mas ganhei 4 pranchas lá no hawaii. O maior stress da viagem havia passado, agora poderia curtir mais tranqüilo.
Peguei os bilhetes de embarque com a Alessandra, acho que a única funcionária da Tam que me tratou bem até hoje, e fui correndo para a sala de embarque.
Beijei e abracei bastante meus pais, minhas mãe começou a mexer na bolsa e meu pai logo bravejou:
- O que você vai fazer, Jaqueline?
- Pára, Sérgio, eu quero tirar uma foto.
Ela adora tirar fotos nos momentos mais inesperados. Às vezes, quando meu irmão vem visitar-nos em Porto Alegre, ela tira fotos dele logo quando este acorda.
Tiramos algumas fotos juntos, minha mãe se achou feia, mas depois disse que estava bom, e em seguida o vi indo embora enquanto entrava na sala de embarque. O vôo estava atrasado e suspeitei que tinha ido, em grande parte, por causa de um sujeitinho que queria mandar pranchas para Honolulu.
Em São Paulo fiz um rápido check-in na American, depois de uma moça me fazer perguntas bem peculiares sobre a segurança:
- Todos os bens que você carrega em suas bagagens são seus? Quando você fez a sua mala? Quem fez sua mala? Alguém estranho teve acesso à sua mala depois disso? Algum material eletrônico? Este material foi adquirido onde e quando?
Fiz a besteira de dizer a ela sobre a filmadora que o Flávio me emprestou:
- Ah, tem uma filmadora que não é minha, peguei emprestada de um amigo, mas ela é novinha, estava na caixa.
- Então, você nem tirou da caixa?
- Não, eu quis dizer que ela nunca foi usada, é bem nova, mas esta fora da caixa.
- E há quanto tempo você conhece esta pessoa que te emprestou a filmadora?
- Uns 4 anos?
- Em que circunstância esta filmadora lhe foi entregue?
- Como assim?
- Onde ela lhe foi entregue?
- Ah, na minha escola. Tenho uma escola de Yôga.
- Entendi. E você se sente seguro com este equipamento?
- Sim.
- Bom, estou lhe dizendo tudo isso porque já aconteceu de pessoas estarem portando narcóticos e explosivos sem saberem. Agora, pode fazer seu check-in.
Saindo dali, fui comer alguma coisa, entrei na sala de embarque e no corredor que leva ao avião, mais uma precaução para a segurança. Algumas pessoas interrogavam os passageiros:
- A sua bagagem de mão esteve com você o tempo todo? Alguém lhe deu alguma coisa para você trazer para dentro do avião?
Acho importante esta preocupação com a segurança, contra os atentados e etc. Mas são questões tão ingênuas que chega a dar pena nos funcionários que tem que fazer este trabalho. Como se uma pessoa mal intencionada fosse entregar-se ali, na entrada do avião.
No vôo sentei ao lado de uma senhora canadense chamada Gisele, mas com a mesma pronúncia que os Beatles usaram em sua música quando cantavam “Michele, mi belle...”. Uma senhora muito simpática, cheia de preocupações com o meio-ambiente. Ela trabalha com vitrais, é uma artista. Conversamos bastante, e pude praticar um pouco meu inglês. Inclusive solicite que me corrigisse quando falasse algo errado. Aprendi coisas novas e soube que ela esteve no Brasil para o turismo. Foi ao Rio de Janeiro, adorou Paraty e Ubatuba, achou Itajaí feio e São Paulo muit industrial. Ainda lamentou o fato de o povo brasileiro falar muito pouco inglês, pois isso dificultou muito a passagem de seu grupo pelo país, já que somente alguns arranhavam algumas palavras em espanhol.
Bom, neste exato momento estou no Miami International Airport, aguardando o vôo que vai me levar até Honolulu...
No momento em que escrevia as linhas acima me dei conta de que estava atrasado para o embarque, como o tempo passa rápido enquanto estamos a fazer nada. A verdade é que fechei de imediato o computador e saí correndo para o embarque. Chegando no local indicado, há um procedimento de raio-x um pouco mais elaborado que o do Brasil. Todos devem retirar os sapatos, e há um espécie de sorteio, onde os felizardos passam por um aparelho mais elaborado e que toma um tempo maior. Por sorte, tive que apenas descalçar os sapatos, tirar o computador da mochila e passar o mais rápido, direto para o portão de embarque. O vôo iria até Los Angeles, e somente depois para Honolulu.

2 comentários:

little marcy disse...

Lucas!! adorei esse seu blog!
assim podemos ficar por dentro de toda sua viagem, e sentir vc bem pertinho! Hje estava praticando e na hora do samyama, fui até o hawaii, sentei na beira da praia para contemplar o pôr-do-sol e vc sentou-se ao meu lado... ficamos ali parados, olhando o horizonte havaiano...hihi
aproveite!!!
beijinhos

Anônimo disse...

que bom te ler!