sábado, 29 de dezembro de 2007

25/12 - ...and so merry Christmas

Nem parecia Natal em nossa casa, a rotina continuava a mesma, o Julião saiu cedo para trabalhar e nós saímos em busca de ondas. As ruas estavam mais vazias, talvez pelas festas da noite anterior. Chegamos em Rocky Point e encontramos o Bruno e a Sabrina, que já nos avisaram que o mar tinha baixado e não estava com uma condição muito boa.
Acompanhamos eles até a praia, pois já estavam vestido e iriam surfar de qualquer maneira. As ondas apresentavam-se da pior forma desde que cheguei aqui, e o vento estava quase nos levantando do chão. Resolvemos ir até Turtle Bay, onde fica o tal condomínio em que queremos alugar o apartamento da corretora que insiste em me dar o bolo.
No caminho passamos por algumas praias, e a vegetação foi mudando bastante, apesar de não ser tão longe assim de onde estávamos. O condomínio é muito legal, com piscina, quadre de tênis e campo de golf. Fomos até a praia, onde fica o Turtle Bay Resort, onde tem um hotel que fica praticamente dentro da praia.
Saindo de lá, pegamos o mapa que compramos há alguns dias e decidimos dar a volta na ilha. Ali onde estávamos era o inicio do East Shore. Continuamos pela Kamehameha highway, que dá a volta na ilha, e passamos por praias lindas e uma geografia bem diferente, onde enormes escarpas aproximavam-se da estrada, fazendo-as parecerem ainda mais gigantescas.
O dia estava nublado e choveu muitas vezes ao longo do caminho, e estávamos pensando em conhecer Diamond Head, que é uma cratera de um vulcão inativo há cerca de 150.000 anos. Porém, devido ao mau tempo, decidimos ir conhecer Pearl Harbor, já que vimos no mapa que se pegássemos uma outra rodovia, chegaríamos lá rapidamente. Quando entramos na H1, quase ficamos loucos com tanta beleza. A estrada foi feita em um viaduto, no estilo da rodovia dos Imigrantes, em São Paulo, e passa ao lado de grandes projeções rochosas, cobertas com muita vegetação nativa e algumas cachoeiras. Logo em seguida, a estrada nos levava para dentro de um túnel, escavado na rocha. Ao sair do túnel, passamos por cima de um outro vale, lindíssimo também. Depois o Julião nos contou que este vale é sagrado e foi um processo bem delicado a construção desta rodovia, pois não podia prejudicar a flora do local.
Saímos, então, no South Shore, e seguimos em direção à Pearl Harbor. Deste lado da ilha, fazia sol, e quase não havia nuvens no céu. Então, o Cau falou:
- Pô, meu, se o tempo está bom aqui, porque não vamos para Diamond Head.
Concordei na hora, nos localizamos pelo mapa e rumamos para lá. Chegamos lá e o dia estava com o céu totalmente aberto, e pouco vento. É bem interessante porque você entra dentro da cratera do vulcão , que agora é o Diamond Head State Monumet Park. A impressão que tive é que parecesse com o Coliseu, porque a base é bem plana e em toda a volta, projetam-se enormes paredes de pedra. Claro que atualmente tudo é coberto de muito verde.
Pagamos nosso ingresso e seguimos a trilha que leva ao ponto mais alto dali, a cratera foi utilizada como forte nos tempos de guerra, e lá no alto, foi feito um observatório contra ataques no lado sul da ilha. A caminhada é fácil, e não leva mais de 20 minutos. No caminho, ouviamos várias línguas, japônes, francês, espanhol, inglês e até português. Lá em cima, o visual é incrível, consegue-se ver toda a praia de Waikiki, e uma enorme parte do lado sudeste de Oahu. No oceano, discerne-se os bancos de coral e as partes mais profundas, de acordo com a cor da água.
Ficamos um bom tempo contemplando aquela beleza toda, especialmente o mar, que parecia não ter fim. Dali, via-se a grandeza daquele universo líquido. Você realmente sente-se um grão de areia, no meio de tanto espaço. A natureza, com toda sua magnitude nos faz sentirmos mais humildes, pois suas construções são verdadeiras obras de arte. E ali, aos nossos olhos, tínhamos acesso a uma delas.
Saímos de lá morrendo de fome, mas eu queria passar num hotel onde, eu sabia, estava hospedada uma querida amiga de minha mãe. Ela me conhece desde de muito pequeno, e somos amigos de longa data. Eu já havia ligado algumas vezes para o hotel, mas nunca a encontrava no quarto.
Chegamos lá e ligamos para ela, atendeu seu namorado Sul-africano:
- It`s Lucas? Have a person here that want to talk with you.
Passou o telefone para a Helô, que parecia muito feliz em, finalmente, falar comigo. Disse a ela que estávamos no saguão do hotel, disse-me que desceria em seguida para conversarmos.
Na verdade, está é a primeira vez que ela e seu namorado, Stan, se encontram. Eles tem uma história muito incrível e bonita, como ele mesmo disse:
- A movie story! But that`s the real life, and we are very happy.
Ela estava em um avião indo para Santiago do Chile, sentou na fileira certa, mas no banco errado, para o que a empresa havia determinado, mas o banco certo para o destino de seu coração. Ao seu lado estava este simpático médico, que não deixou que o verdadeiro dono do lugar sentasse ali, indicado-lhe outro assento. Ele estava iniciando uma longa jornada que o levaria à Austrália, onde mora, depois de 3 semanas e meia de viagens pelas América do Sul, onde conheceu Brasil, Argentina, Peru e Chile. Os dois identificaram-se e atraíram-se mutuamente de tal forma, que ao final do vôo, que durou apenas 6 horas, até um beijo aconteceu. Desde lá, eles tem conversado muito pelo telefone, e-mail, sms, msn (é a tecnologia proporcionando romances à distancia!) e agora ele prometeu a ela que instalara o skype. Numa destas conversas ele a convidou para passar o reveillon no Havaí e aqui estão eles, muito felizes com o que a vida lhes aprontou.
Ficamos conversando por mais de uma hora, o papo estava tão bom que nem vimos o tempo passar. Falamos em inglês o tempo todo, pois o Stan ainda não fala português, e foi bom ver que entendi tudo o que foi dito. E ainda consegui me expressar, contar histórias e até fazer piadas. O encontro só acabou porque não agüentávamos mais de fome, e estávamos um pouco preocupados com o valor do estacionamento, já que colocamos o carro dentro do hotel, e não tínhamos muito dinheiro na carteira. Despedimo-nos deles, com a promessa de um novo encontro e ao sairmos da garagem nos foi cobrado o valor de U$14, referente à duas horas de estacionamento. A parte engraçada é que era exatamente, e somente este, o valor que eu tinha na carteira.
Comemos lá em Waikiki mesmo, eles nos indicaram um restaurante, mas nunca encontramos, e chegamos em casa quando já era noite.
Mas tarde, o Julião chegou trazendo um novo integrante para a casa, o Jadson André. Um surfista amador, que ganhou quase tudo que disputou em competições neste ano. Foi campeão brasileiro nas duas principais categorias, Open e Junior, e campeão mundial pelo ISA Games, umas espécie de Olimpíadas do surf.

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