terça-feira, 1 de janeiro de 2008

29/12 - O surf para o qual viemos

Acordamos sem muita pressa, ninguém na casa conseguiu acordar cedo devido ao cansaço do dia anterior. Jadson e Júlio foram conferir o mar, e demoraram para voltar, até pensamos que não tinha onda. Quando voltaram, disseram que estava bom, mas o Jadson iria surfar mais tarde, com um amigo, e o Júlio iria trabalhar. Saímos de casa um pouco depois e chegamos na praia antes das 11h, as ondas pareciam boas e perfeitas, muitos surfistas no mar e um vento moderado. O que notava-se era que havia muitos tubos e a formação estava perfeita. Entramos no mar e a cada minuto o mar melhorava, apesar disso, o crowd foi saindo aos poucos. Eu e a Cau nos olhávamos não estávamos acreditando naquilo. De repente, abriu um baita sol, o vento ficou terral, e as ondas mais perfeitas que já vimos por aqui. Simplesmente, todas as pessoas que pegavam uma onda, pegavam também um tubo. Eu só dava risada, remando para todos os lados, dropando para esquerda e direita, sempre para dentro dos barrels. Saí de muitos deles, fiquei dentro de outros, vi cenas ao vivo que só tinha visto em filmes de surf. Toda vez que nos encontrávamos remando, riamos e celebrávamos o que estávamos vivendo.
- Cau, foi para surfar este tipo de onda que eu vim para o Hawaii. Não quero mais nada além de entubar.
Ele estava estreando a prancha que acabou comprando, e isto somando às condições incríveis, fizeram que seu surf foi o melhor que já vi fazer. Toda hora ele voltava me dizendo que a prancha era mágica e que havia feito um boa manobra ou pegado um tubo. Eu só pensava em passar por dentro daqueles cilindros azuis que não paravam de quebrar sobre a bancada de Rocky Point, as manobras eu só fazia depois disso.
Depois de 4 horas dentro da água, eu resolvi sair, os braços já não tinham forças para me levar ao fundo. Da areia, era lindo ver aquelas ondas e o que os surfistas faziam nelas. Era um verdadeiro espetáculo!
O Cau demorou um pouco mais para sair, e dali fomos para o supermercado, alimentar nossos corpos cansados, mas cheios de vontade de surfar mais. Comemos banana, castanha e uns croissants que compramos. Depois de uma hora e meia, voltamos para dentro do mar. Nesta segunda queda, havia muita gente na água, foi quando senti o que é a crowd aqui no hawaii. Estava muito difícil de pegar um onda, a disputa era intensa, haviam locais e muitos profissionais. Aqui ninguém surfa mal, e isso dificulta bastante. Mesmo assim, deu para surfar algumas ondas, andei fundo dentro de um tubo, talvez o mais fundo que andei até agora aqui. Saímos do mar quando a noite já caia, manchando o céu de um azul escuro.
Já no carro, o Cauê comentou:
- Cara, que dia de surf. Peguei o melhor tudo da minha vida e nunca tinha surfado ondas tão clássicas. Foram 6 horas do melhor surf que já fiz.
No caminho para casa lembramos que o Jadson queria ir numa loja de eletrônicos para comprar um Play Station e um I-pod, e tinhamos combinado de fazer isso nesta noite:
- Bah, eu vou dizer para o guri que não vai dar par ser hoje.
Apesar de todo esforço e cansaço para surfar por todo aquele tempo, meu corpo não parecia exausto naquela hora, mas eu sabia que quando comesse e deitasse, seria difícil levantar.
Chegamos em casa, depois do banho o Jadson e o Júlio nos chamaram para irmos ao Wallmart. O Júlio tinha que comprar coisas para a casa e o Jadson ia aproveitar a viagem. Levantei-me logo e disse que tínhamos que sair logo, senão eu não ia conseguir sair depois.
Lá naquela megaloja o Jadson pegou o Cauê para ajudá-lo com o viadeogame. Depois o Cau me contou que a criança não parava quieto, fazia mil perguntas e andava de um lado para outro incesamentemente:
- Cadê o Playstation 2? Cara, mas será que tem memory stick? E o ipod, compro o de 80gb ou 160gb? Mas quanto é o Playstation? E a máquina digital, tem aqui?
Depois que acabamos as compras, ajudamos ele com seu vídeo-game. A compra do ipod ficou para outra hora, pois lá estava em falta o com maior capacidade, ele estava indeciso sobre qual comprar. Saiu da loja pulando de felicidade:
- Cara, agora ninguém me segura!
Na volta para casa, e depois dentro do quarto, eu e o Cau não parávamos de lembrar aquele surf que tínhamos testemunhados. Um olhava para o outro, mesmo sem dizer nada, e ríamos, pois era pra isso que viemos até aqui. Para nos sentirmos tão felizes como Jadson e seu Playstation, mas nossa felicidade, bem como grande parte da dele, vinha daquelas ondas, que chegam até nós gratuitamente, e ninguém as impede de quebrar.

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